Notícias

MDB e PSDB fecham acordo e chapa de Simone Tebet deverá ter Tasso na vice

Líderes partidários selam apoio do PSDB a Simone Tebet, que está com suspeita de covid e participa da reunião por videoconferência. Foto: Reinaldo Takarabe/Divulgação

O PSDB vai anunciar oficialmente hoje o apoio à pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) ao Palácio do Planalto. O acordo foi fechado ontem, em reunião no gabinete do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), nome que será indicado mais adiante para vice da chapa. Com a aliança, três partidos de centro – MDB, PSDB e Cidadania – entram na corrida eleitoral com a proposta de representar a terceira via, uma alternativa à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A formalização do acerto passará pelo crivo da Executiva do PSDB, que vai se reunir hoje, em Brasília, com participação virtual de Tasso. Pela primeira vez desde 1989, os tucanos não terão candidato próprio na disputa presidencial e vão apresentar o vice na chapa. Para não avançar o sinal, porém, o presidente do partido, Bruno Araújo, tentou fazer segredo sobre o vice.


“Temos um nome que aglutina muito, que é o do senador Tasso Jereissati. Mas vamos aguardar o momento oportuno para o anúncio de quem comporá a chapa”, afirmou. “Os dois (Simone e Tasso) sempre foram próximos e é claro que esse fator também fortalece as negociações em torno do vice.”
A construção da chapa da terceira via foi marcada por vários atritos e o apoio do PSDB a Simone acabou sendo confirmado 17 dias após o ex-governador de São Paulo João Doria anunciar a desistência de sua pré-candidatura. Doria venceu as prévias do PSDB, em novembro do ano passado, mas foi pressionado pela cúpula tucana a abrir mão da disputa, sob o argumento de que não decolava nas pesquisas. O alto índice de rejeição também estaria atrapalhando o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), que disputa novo mandato.


Simone tem no máximo 3% das preferências do eleitorado, de acordo com os últimos levantamentos, mas apoiadores observam que ela tem potencial de crescimento por ainda ser desconhecida.
Mesmo tendo conquistado o apoio dos tucanos, Simone enfrenta resistências no próprio MDB. Uma ala do partido, sobretudo no Nordeste, quer apoiar Lula, favorito nas pesquisas. A outra, concentrada no Sul, está com Bolsonaro. O próprio PSDB também está dividido: a maioria da bancada federal do partido e parte de sua base é próxima ao presidente. A ala mais ligada à velha guarda, no entanto, dialoga com Lula.No mês passado, o ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira, filiado ao PSDB há 25 anos, disse que apoiará o petista no primeiro turno. “O segundo turno já começou”, afirmou Aloysio ao Estadão, mesmo antes da desistência de Doria. “Tenho muito carinho pela Simone, mas vamos fazer campanha para ela (.. ) para quê?”


A expectativa da cúpula tucana, no entanto, é de que apenas o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) vote contra Simone na reunião de hoje. Integrante da Executiva e aliado do mineiro, o ex-prefeito de Belo Horizonte Pimenta da Veiga disse ser favorável à aliança com o MDB. “Sou a favor e, se o Tasso aceitar, deve ser o vice”, afirmou ele ao Estadão.

Tribuna do Norte