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Turcos vão às urnas neste domingo para eleger novo presidente

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan (esq.) e seu principal adversário da oposição, Kemal Kilicdaroglu (dir.), votam nas eleições da Turquia deste domingo (14). Foto: Umit Bektas-Pool/Getty Images & Ugur Yildirim / di

Os turcos vão às urnas neste domingo (14) para eleger presidente e parlamentares para os próximos cinco anos. No poder há duas décadas, Recep Tayyip Erdogan tenta mais uma reeleição, mas enfrenta um cenário delicado, podendo ser derrotado pelo principal adversário da oposição, Kemal Kilicdaroglu.

Uma pesquisa divulgada na quinta-feira (11) indicou que Kilicdaroglu liderava a corrida eleitoral antes do pleito. Além disso, a desistência de um dos quatro candidatos à Presidência pode impactar a disputa.

Kilicdaroglu integra uma aliança de oposição de seis partidos e também lidera o Partido Republicano do Povo. Para ser eleito, o candidato precisará de mais de 50% dos votos. Caso seja necessário um segundo turno, ele ocorrerá no dia 28 de maio.

A Turquia passa por instabilidade social e econômica, que devem ser fatores-chave na votação deste final de semana. Regiões do país ainda tentam se reerguer, por exemplo, do terremoto ocorrido em fevereiro deste ano, que deixou mais de 50 mil mortos e milhões de deslocados na Turquia e Síria.

À CNN, Christopher Mendonça, professor de Relações Internacionais do Ibmec Belo Horizonte, disse não haver dúvidas de que a economia será o fator de destaque nas eleições deste ano.

“Milhares de famílias foram atingidas pelo terremoto e precisam reestabelecer-se em um cenário incerto. Vencerá as eleições aquele candidato que conseguir produzir maior credibilidade em seu discurso de retomada da atividade econômica turca”, comenta.

Erdogan chegou ao poder em 2003, como primeiro-ministro, e se tornou o presidente em 2014, ampliando os poderes do cargo a partir de uma reforma constitucional três anos depois. Ele foi reeleito em 2018.

Segundo Christopher Mendonça, a longevidade de Erdogan no poder “gera desgastes entre grupos que o apoiam nessa longa trajetória”. “Promessas não cumpridas aos curdos, insatisfação com os destinos econômicos do país e preocupação com a posição turca no conflito europeu interferem diretamente na escolha de quem governará o país pelos próximos cinco anos”, disse ele.

Para Leandro Consentino, especialista em Relações Internacionais, o quadro econômico — com inflação de 50% — é bastante complicado e foi essencial para o crescimento da oposição.

“O governo não está sabendo lidar muito bem com a situação nesse momento e isso talvez seja uma das grandes causas para oposição ter, pela primeira vez, um fôlego importante para enfrentar o Erdogan”, pondera.

Consentino observa que o principal desafio das atuais candidaturas é “a própria superação do quadro atual”, sendo necessário que Recep Tayyip Erdogan se reinvente, tendo em vista sua longa permanência no cargo e a perda de popularidade, e deixe claro para os eleitores essa disposição.

Já para a oposição, ele entende ser preciso dar resposta efetiva aos problemas enfrentados pelo país, mostrando o porquê de precisarem estar no governo.

Pesquisas indicam possível comparecimento recorde de eleitores nas eleições de 2023. Mendonça afirma que uma eventual alta participação popular indica o aumento da preocupação do país com a política.

Já Consentino diz que o acirramento da disputa, considerando que a oposição faz efetivamente frente ao atual mandatário, mobiliza mais votantes.

Tribuna do Norte