O Geoparque Seridó entrou na lista de candidatos a Geoparques Mundiais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2020. Foram selecionados 20 geoparques em 16 países, além da ampliação de três já existentes. A lista pode ser conferida neste link.
O Geoparque Seridó, além de ser um projeto de extensão da UFRN, é uma área de 2800 quilômetros quadrados que inclui os municípios de Cerro Corá, Lagoa Nova, Currais Novos, Acari, Carnaúba dos Dantas e Parelhas, localizados no Seridó potiguar. A área foi investigada pelo professor Marcos Nascimento, responsável pelo projeto, e sua equipe, que reúne professores, alunos e moradores destes municípios, com o intuito de identificar um patrimônio único no mundo.
Nos trabalhos de campo, notou-se que o patrimônio do Geoparque tem milhões e até bilhões de anos. Há formações rochosas com dois bilhões de anos e paisagens com relevos de mais de 20 milhões de anos. Além dessas descobertas, o grupo também realizou palestras nas localidades, explicando à população a funcionalidade de um geoparque e a importância que tem esse território seridoense. Afinal, isso é extensão: levar o conhecimento desenvolvido na universidade para a comunidade, quebrando o argumento que a universidade fica apenas em si mesma.
Marcos conta que, após a descoberta, os gestores públicos enxergaram o projeto como uma forma de promover, e também desenvolver, o território de uma forma sustentável. Atualmente, está sendo criado o Consórcio Público Intermunicipal Geoparque Seridó, uma ligação entre os municípios, a UFRN e o Governo do Estado. O RN acabou se unindo a fim de levar o projeto para frente e conseguir o destaque mundial.
Agora, reconhecido como aspirante, no dia 17 de março, o Programa Internacional de Geociências e Geoparques da UNESCO dará conhecimento à União Internacional de Ciências da Terra, ao Conselho do Programa Internacional de Geociências e ao público em geral das novas aplicações para 2020. Após a visita técnica da Unesco, para conferir o local, o Seridó pode ser reconhecido como geoparque mundial em setembro deste ano.
Geoparques mundiais da UNESCO
A Unesco tem, atualmente, 147 geoparques reconhecidos em 41 países de todo o mundo. No Brasil, só existe um: o Geoparque Araripe. Reconhecido em 2006, foi o primeiro das Américas. O território é composto por seis municípios do Cariri cearense: Barbalha, Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri.
O Geoparque Araripe contém nove geossítios, sendo eles: Colina do Horto, Cachoeira de Missão Velha, Floresta Petrificada do Cariri, Batateira, Pedra Cariri, Parque dos Pterossauros, Riacho do Meio, Ponte de Pedra e Pontal de Santa Cruz. Além desses pontos, o local apresenta um vasto patrimônio biológico e geológico, que objetiva preservar as riquezas naturais da Chapada do Araripe.
Fora esses dois patrimônios, o Araripe conta também com um importante acervo paleontológico. Foram detectados fósseis do Período Cretáceo, incluindo a maior concentração de vestígios de pterossauros do mundo, e 20 ordens diferentes de insetos fossilizados, com idade aproximada de 110 milhões de anos. Marcos explica que, além da tríade de proteção, educação e desenvolvimento sustentável, cada geoparque tem algo de especial para ser reconhecido como mundial.