Durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, o Governo Federal debateu nesta quarta-feira, 22 de janeiro, as prioridades e os desafios para a transição energética global. A agenda com líderes mundiais, empresários e investidores faz parte dos compromissos do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, escalado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para representar o Brasil no Fórum.
“Estamos na vanguarda da transição energética e prontos para esses investimentos, garantindo segurança jurídica e regulatória”
Alexandre Silveira
Ministro de Minas e Energia
O setor elétrico mundial enfrenta desafios, especialmente impulsionados por tensões geopolíticas e ambiente econômico volátil. O Brasil, enquanto líder da transição energética global, tem se destacado no mundo pela busca por investimentos em energia limpa.
Silveira destacou que o país está preparado para receber investimentos, principalmente a partir dos marcos legais aprovados pelo governo e o Congresso Nacional no ano passado, em especial as leis do Hidrogênio, das Eólicas offshore e do Combustível do Futuro. “Estamos na vanguarda da transição energética e prontos para esses investimentos, garantindo segurança jurídica e regulatória”, explicou Silveira.
O ministro apresentou ainda os projetos de transição leiloados nos dois primeiros anos do governo Lula, que garantiram R$ 60 bilhões em investimentos para reforçar o Sistema Integrado Nacional de energia elétrica.
Outro ponto de destaque foi o trabalho para modernização do setor de distribuição de energia, a partir do decreto estabelecido no ano passado e atualmente em fase de regulamentação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com a previsão de dobrar os investimentos para modernização do setor até 2028, chegando a R$ 120 bilhões.
Também participaram da reunião o ministro da Indústria e Energia da França, Marc Ferracci; a vice-primeira ministra e ministra da Política Climática e Crescimento Verde dos Países Baixos, Sophie Hermans; e o presidente e diretor Executivo da indiana NTPC, Gurdeep Singh; além de representantes do setor privado, como o presidente e CEO da alemã Siemens Energy, Christian Bruch; e o CEO da norte-americana AES, Andrés Gluski.
“O Brasil deu um passo imenso no ciclo virtuoso da descarbonização: nós aprovamos a Lei do Combustível do Futuro. Essa cadeia terá que ser valorada no mundo e os prêmios verdes devem ser pagos pelos países desenvolvidos, trazendo retorno a essa cadeia sinérgica que envolve agronegócio, agricultura familiar e geração de energia”
Alexandre Silveira
COMBUSTÍVEL DO FUTURO – A Lei do Combustível do Futuro ganhou destaque internacional durante o Fórum Econômico Mundial. No painel Environmental Economic Factor – Integrating the Socioeconomic Benefit of Biofuels, Alexandre Silveira apresentou, nesta quarta, as perspectivas do Brasil a partir do marco legal aprovado em 2024.
Durante o painel na Casa Brasil, o ministro apresentou os resultados que o país alcançou dentro da meta de descarbonização para 2024, quando superou a economia esperada de 38,78 milhões de toneladas de CO2 equivalente que havia sido determinada em 2023 por resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Em 2024, com a emissão de 42,44 milhões de créditos de carbono, os chamados CBIOs, o mesmo valor equivalente deixou de ser emitido na atmosfera, gerando assim R$ 3,9 bilhões em valor financeiro.
“O Brasil deu um passo imenso no ciclo virtuoso da descarbonização: nós aprovamos a Lei do Combustível do Futuro. Essa cadeia terá que ser valorada no mundo e os prêmios verdes devem ser pagos pelos países desenvolvidos, trazendo retorno a essa cadeia sinérgica que envolve agronegócio, agricultura familiar e geração de energia”, disse Silveira.
A Lei nº 14.993 de 2024, que criou o Combustível do Futuro, estabelece uma série de iniciativas de fomento à descarbonização, mobilidade sustentável e transição energética no Brasil. Nesse contexto, são previstos investimentos de R$ 260 bilhões até 2037 no setor, com a neutralização de 705 milhões de toneladas de CO2 no mesmo período.
A iniciativa conta com ações que miram a expansão dos biocombustíveis na matriz energética, em novos percentuais de mistura de biodiesel e etanol no transporte terrestre, na descarbonização do setor aéreo a partir do uso do SAF (combustível sustentável de aviação), na ampliação da produção e consumo do biometano, entre outras medidas.
Durante o painel, o diretor de ESG Latin America da Accenture, Felipe Bottini, destacou que cada litro de biodiesel produzido gera quatro vezes mais de retorno para a economia brasileira do que o diesel fóssil, chegando a 13,3 vezes mais, se observados fatores ambientais.
Destacando a importância das políticas públicas de impulsionamento dos biocombustíveis aprovadas no ano passado, o CEO da Be8, Erasmo Batistela, afirmou que os biocombustíveis geram mais retorno para o PIB do Brasil do que os combustíveis fósseis, destacando a força do país pela sua pluralidade energética “Os biocombustíveis no Brasil geram emprego, renda e descarbonização”, concluiu.