“Uma universidade boa para as mulheres é boa para todo mundo”: a frase foi entoada por estudantes e servidoras da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que participaram na tarde desta quarta-feira, 30, do lançamento da Jornada UFRN: Território Feminista e Livre de Violências.
O ato foi marcado por uma aula pública com a presidente do Comitê UFRN com Diversidade e professora do Departamento de Direito, Mariana de Siqueira, e contou ainda com a participação da pró-reitora de Gestão de Pessoas da UFRN, Mirian Dantas dos Santos. O objetivo é discutir com a comunidade universitária medidas que possam resultar em um ambiente acadêmico mais seguro.
A ação é organizada pela Marcha Mundial das Mulheres e tem o apoio da deputada estadual Isolda Dantas e da vereadora de Natal, Brisa Bracchi. As parlamentares ressaltaram a mobilização das estudantes em prol de uma universidade segura que possa realizar sonhos e transformar vidas. “Conversei com o reitor Daniel Diniz e as pró-reitorias que nos apoiaram a fazer esse momento de reflexão. A organização das mulheres é um início poderoso para tornar esse território feminista e, consequentemente, livre”, pontuou Isolda.
A vereadora Brisa é autora de um projeto de lei que cria a Política Municipal de Combate à Importunação Sexual no Transporte Público. “Os ônibus que operam como linha circular não são da UFRN, são ônibus das empresas concessionárias do serviço público e ligados à Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU). Então a gente fez uma proposta para prevenir, conscientizar, combater e punir administrativamente os atos de importunação sexual em todo o sistema de transporte público coletivo”, destacou Brisa.
O movimento contou com a participação do Diretório Central de Estudantes (DCE), que promoveu atividades como oficina de batucada e estampa de camisetas. A estudante Ana Lívia, coordenadora de mulheres do DCE e representante da Marcha Mundial das Mulheres, lembrou que a violência não atinge somente as estudantes. “A violência vem no sentido de nos retirar da esfera pública. O intuito é começar aqui, mas expandir pela cidade de Natal, porque a insegurança é um tema que devemos trabalhar por toda a cidade e pelo estado, é algo que ultrapassa os muros da universidade”, defendeu Ana Lívia.
A Política de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e à Discriminação foi instituída na UFRN em 2023 e apresenta, entre outros mecanismos, o Programa de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e à Discriminação (PPEAD), a Comissão de Humanização das Relações de Trabalho (CHRT) e a Comissão de Humanização das Relações Discentes (CHRD) .
O PPEAD é gerenciado pelo Núcleo de Apoio às Pessoas em Situação de Violência da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp), que dispõe do Espaço Acolher, como um local de referência para acolhimento às pessoas em situação de violência. Para a professora Mariana de Siqueira, integrante do Núcleo, é preciso divulgar a existências dos espaços e ações voltados à proteção da comunidade universitária, para que as pessoas possam acessá-los e a instituição possa agir. “Nós temos tido muitas reuniões sobre esse tema e pensamos em muitas iniciativas, dentre elas gostaria de destacar a criação de um protocolo de atuação interno para situações de violência. Essa é uma lacuna que a gente observa e acho que em breve poderemos ter essa ideia concretizada”, comentou.
Para a pró-reitora de Gestão de Pessoas da UFRN, Mirian Dantas dos Santos, o momento é de institucionalizar a Política de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e à Discriminação no Âmbito da UFRN, de modo a popularizar os conceitos e canais de denúncias, assim como orientar sobre o acolhimento às pessoas em situação de violência. “A UFRN tem feito muitas ações, normas, espaços de escuta e denúncia. Precisamos agora fazer com que essas medidas se reflitam em uma cultura de respeito e as pessoas sintam a segurança na prática”, afirmou.
De acordo com a Progesp, a instituição lançará em breve outras iniciativas voltadas à temática, entre elas uma nova campanha institucional e o lançamento do Manual do Denunciante.