
O Departamento de Arquitetura (Darq), vinculado ao Centro de Tecnologia (CT/UFRN), visitou no último sábado, 7 de junho, a Comunidade Quilombola Queimadas, no município de Currais Novos. Esta é mais uma etapa do projeto de extensão Assessoria Técnica às Comunidades Quilombolas do Rio Grande do Norte e Paraíba.
A ação é fruto da parceria com o Centro de Documentação e Comunicação Popular (Cecop). A atividade foi realizada com o apoio da secretária especial de Mulheres, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos de Currais Novos, Rayssa Aline Batista de Araújo, que garantiu o deslocamento da equipe, de Natal à comunidade, e acompanhou toda a programação.
A visita foi coordenada pelos professores Eunádia Cavalcante e José Clewton do Nascimento, ambos do Darq/UFRN, e teve a participação da graduanda em Arquitetura e Urbanismo, Ana Luiza Câmara Martins. O objetivo foi acompanhar o desenvolvimento dos projetos arquitetônicos solicitados pela comunidade quilombola Queimadas, localizada no Povoado Totoró, na zona rural do município de Currais Novos.
Anteriormente, a equipe se reuniu com a população para apresentar os projetos das edificações necessárias para a organização socioeconômica do local e incorporar sugestões. Até o momento, foi executada a reconstrução da casa de taipa, edificação mais antiga do local, que estava em ruínas. A obra ocorreu no mesmo lugar e adotou as mesmas técnicas da construção anterior.

Durante a reunião, a equipe definiu as próximas etapas, considerando a conquista de recursos apresentada pela associação de moradores, por meio da submissão de propostas em editais e premiações. O próximo passo é realizar a construção do Museu Quilombola de Queimadas.
Pesquisa
A comunidade expôs ainda os resultados da pesquisa acerca de habitações existentes no continente africano (Quicongos, Iorubas e Ijós). Essa tipologia foi reproduzida no Brasil por pessoas escravizadas, de acordo com o pesquisador Günter Weimer.

Dentre as características em comum, destacam-se a divisão interna entre três ambientes: sala, quarto e cozinha. Há ainda o telhado em estilo duas águas, onde a cumeeira é sustentada, via de regra, por três pilares, que terminam em forquilha. Além disso, há duas portas, uma dá acesso para a rua e a outra para o pátio traseiro da casa, contando também com a técnica construtiva de pau-a-pique vedado com taipa de sopapo.
Identificar as semelhanças é fundamental para reconhecer e valorizar a influência africana na formação da cultura e arquitetura brasileira, além de priorizar técnicas sustentáveis, econômicas e mais adequadas ao ambiente local. É possível fortalecer a identidade da comunidade por meio da preservação da herança quilombola, respeitando modo de vida, história e saberes.