
Pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN) participaram do 15º Congresso da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis (SBDST), do 11º Congresso Brasileiro de Aids e do 6º Congresso Latino-Americano de IST/HIV/Aids, eventos simultâneos realizados no Rio de Janeiro (RJ) na última sexta-feira, 6.
Eles presenciaram um momento histórico: a entrega do relatório com dados que podem contribuir para a obtenção inédita da certificação internacional de eliminação da transmissão do HIV de mãe para filho, a chamada transmissão vertical.
O pedido de certificação internacional foi entregue pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) no dia 3 de maio, durante a solenidade de abertura da programação. De acordo com o ministro Padilha, “essa conquista é fruto do trabalho incansável de profissionais da saúde, dos estados, municípios e da reconstrução do SUS. Isso está relacionado ao aumento da capacidade de diagnóstico; nos últimos dois anos, conseguimos aumentar para 96% o número de gestantes testadas em nosso país”, comemorou.

Segundo informações divulgadas pelo Ministério da Saúde, em 2023, a taxa de transmissão vertical do HIV foi inferior a 2%, e a taxa de incidência de HIV em crianças foi menor do que 0,5 caso por mil nascidos vivos. Esse pedido de certificação é um dos resultados do programa Brasil Saudável e a eliminação da transmissão vertical de HIV, sífilis, hepatite B, doença de Chagas e HTLV faz parte das metas até 2030. O diretor executivo do LAIS/UFRN, Ricardo Valentim, cumprimentou o ministro Alexandre Padilha por esse importante passo dado e relembrou as contribuições do Projeto Sífilis Não nessa trajetória.
“O Projeto Sífilis Não é a maior iniciativa de saúde global para o enfrentamento da sífilis e, em uma de suas áreas de atuação, estava uma iniciativa que auxiliou 14 estados brasileiros com o repasse de recursos, para contribuir com ações de eliminação da transmissão vertical, tanto de sífilis quanto de HIV, além do estímulo à pesquisa científica e à indução de políticas públicas de saúde”, enfatizou Valentim, que coordenou o projeto, fruto de uma parceria entre o LAIS/UFRN e o Ministério da Saúde, com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS).
Nas salas de apresentação dos trabalhos científicos dos congressos, no Centro de Convenções Expo Mag, muitas são as citações ao Sífilis Não e aos artigos produzidos pelos pesquisadores do Laboratório potiguar. O farmacêutico e analista técnico de políticas sociais Esdras Pereira, doutorando no Programa VigiLabSaúde-Fiocruz, compartilhou uma série histórica que aborda a atuação de órgãos de saúde frente ao aumento de casos de sífilis. “É impossível falar sobre a implementação da resposta brasileira à sífilis sem lembrar que, no Projeto Sífilis Não, tivemos compras emergenciais de medicamentos, o controle dos dados, a produção de conhecimento, o desenvolvimento de parcerias e o apoio aos estados e municípios”, recordou.
A professora Ana Travassos, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), é integrante da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia e da SBDST. Durante sua exposição sobre sífilis adquirida, ela destacou as trilhas formativas sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis disponíveis no Ambiente Virtual de Aprendizagem do SUS (AVASUS) e o impacto do Sífilis Não. “É um projeto relevante. O fato de ele atingir toda a sociedade, não apenas o grupo da saúde, fez com que essa visão fosse ampliada; estimulando as pessoas a pesquisar mais informações a respeito”, disse. Sobre a plataforma, que tem mais de 1,4 milhão de alunos matriculados, Travassos declarou: “O AVASUS é fundamental. Ele leva cursos de qualidade para a população como um todo e para o profissional de saúde, sendo uma fonte de informação que pode ser aplicada no dia a dia.”