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Tecnologia da UFRN com empresa chinesa influencia na substituição de combustíveis fósseis

Um grupo de quatro cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte conseguiu remover o oxigênio de óleos vegetais, naquilo que é uma nova rota de produção de biocombustíveis que podem ser utilizados em substituição aos combustíveis comuns, como o querosene e o bioquerosene de aviação, bem como o diesel usado nas frotas de caminhão.

Coordenadora da equipe que realizou a pesquisa, Amanda Duarte Gondim identifica que, tecnicamente, a tecnologia refere-se a um processo de desoxigenação fotocatalítica de ácidos graxos para a obtenção de hidrocarbonetos renováveis. “A inovação inclui o uso de catalisadores orgânicos e luz visível, operando em condições de pressão e temperatura ambiente, sem a necessidade de gás hidrogênio ou catalisadores metálicos nobres, situação que simplifica a forma como esse processo é feito atualmente, o torna economicamente mais acessível e sustentável ambientalmente”, explica a professora do Instituto de Química.

A pesquisa citada foi desenvolvida em uma parceria entre a UFRN e a empresa chinesa Sinochem Petróleo Brasil e rendeu um pedido de depósito de patente feito no ano passado, cujo nome foi “Processo de desoxigenação fotocatalítica de ácidos graxos para obtenção de hidrocarbonetos renováveis”. O projeto contou com a participação ainda de Jhudson Guilherme Leandro de Araújo, Lívia Nunes Cavalcanti e Aécia Seleide Dantas dos Anjos.

O primeiro pontua que o dispositivo tem aplicações diretas na indústria de biocombustíveis, com potencial para produção de combustíveis para transporte terrestre, aéreo e marítimo. Ele acrescenta que o dispositivo apresenta uma rota inovadora e sustentável para a produção de combustíveis renováveis, contribuindo para a redução de emissões de gases de efeito estufa e da dependência de combustíveis fósseis. Além disso, promove o uso de recursos renováveis, como óleos vegetais, agregando valor à cadeia produtiva. 

Também docente da UFRN, Lívia Nunes Cavalcanti situa que a equipe do LabProBio, local onde experimentos ocorreram, está atualmente ampliando os testes para escalas maiores, aproximando o processo das condições industriais. O processo descrito e objeto do pedido de patente está em um estágio avançado de testes laboratoriais, circunstância que sugere que a tecnologia está próxima da fase de validação pré-comercial. “Também estamos avaliando a viabilidade com diferentes tipos de óleos vegetais. Esses esforços incluem aprimoramento de catalisadores, análise de eficiência energética e estudos de viabilidade técnica e econômica”, salienta a professora.

Inovação e originalidade

Coordenadora do Laboratório de Análise Ambiental, Processamento Primário e Biocombustíveis do NUPPRAR (LABPROBIO – NUPPRAR), Amanda Gondim participou apenas neste ano de três pedidos de patenteamento. A expertise que se depreende de estudos na área de valorização de resíduos de petróleo, produção de biodiesel, hidrocarbonetos renováveis e hidrogênio, principalmente bioquerosene e diesel verde, pode ser visualizada pelo lugar que ocupa sendo Coordenadora da Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Renováveis (RBQAV) do Programa de Recursos Humanos da ANP e fazendo parte do Comitê Técnico Consultivo do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).

Paraibana radicada no RN há mais de vinte anos, ela defende que o ato de patenteamento em si comprova a inovação e a originalidade da tecnologia, pois “ele garante proteção intelectual, valoriza a contribuição científica dos inventores e simboliza a transferência de conhecimento entre a academia e a indústria”.